Saturday, December 01, 2007

01 de Dezembro e a Aids

A palavra Aids deriva de uma sigla. Síndrome da Imudeficiência Adquirida. Em protuguês seria Sida, como é referida em Portugal. Um vírus identificado como HIV pode ser transmitido de um ser humano para o outro por meio de contato com sangue ou esperma infectados. Relações sexuais sem o uso de preservativo e o uso de seringas contaminadas são as formas mais comuns de contágio, embora não as únicas.
A AIDS é originária da África, de onde se acredita que tenha passado de macacos para o homem. Muitos africanos morreram de Aids. Em meio a tantas mortes em países afetados por guerras, doenças como tuberculose, e também pela subnutrição, a Aids foi se disseminando lentamente nas áreas rurais. Por volta da década de 1960, muitos países africanos tiveram êxodo rural, facilitando a dispersão da doença. No contato com pessoas de outros países, a Aids finalmente chegou à Europa, EUA, Ásia e Brasil. Deixou de ser endêmica para se tornar epidêmica. Nos EUA morreram muitas pessoas infectadas por ela. Diferente da África, sistemas de saúde que atendiam mais pessoas favoreceram a identificação do problema em 1983, na controversa disputa entre franceses e estadunidenses.
Desde o início a Aids foi cercada de preconceitos. Pela disseminação inicial ser maior entre homossexuais, ganhou o criativo nome de "peste gay". Mais uma vez o preconceito agiu contra a humanidade. Muitas pessoas foram contaminadas acreditando na exclusividade de um doença que atingia "apenas" homossexuais. A Aids afetou pessoas de diferentes classes sociais. Rock Hudson, ator dos EUA, morreu com Aids na década de 1980, e seu caso chocou muita gente. Mais tarde, Fred Mercuri, vocalista do Quem. Lentamente as pessoas foram percebendo que a Aids podia pegar qualquer um. No Brasil também "celebridades" morreram de Aids, assim como os casos mais famosos de Henfil e Cazuza.
Henfil era um cartunista que teve uma atuação forte contra a ditadura. Era hemofílico e se contaminou numa das várias transfusões de sangue que fez. Cazuza era cantor de música pop. Quando doente, decidiu tornar público o seu problema. Deu uma entrevista numa revista chamada "veja" (sempre escreverei com minúsculas...). O objetivo do cidadão era o de alertar as pessoas quanto os riscos de contaminação. Cazuza era péssimo cantor. Mas teve uma grandeza ímpar ao final de sua vida. A tal revista não entendeu a proposta. Ao invés de agir como meio de informação preferiu o sensacionalismo barato. Manchete: "Cazuza agoniza em praça pública". Exemplo de mau jornalismo. Mais uma vez... Ao invés de tratar da doença buscou reforçar a homosexualidade do cantor. Bola fora. Muita gente se indignou. A revistinha seguiu a imprensa marrom. Claro, muita gente se esqueceu disso e voltou a ler o bagulho... O Palpiteiro nunca se esquecerá disso.
Apesar dessas reações preconceituosas, a informação foi se propogando. No início de dos anos 1990, o astro do Basquete dos EUA, Magic Johnson, assumiu ter Aids. Era casado e heterossexual. Também teve a grandeza de usar sua fama para informar as pessoas comuns.
As pesquisas avançaram. Um tratamento à base de muitos remédios combinados permitiram prolongar a vida dos infectados pela doença. O palpiteiro tem um colega de escola que faz esse tratamento. Os remédios são caros, mas distribuídos pelo SUS. Muitas reações adversas ocorrem. Dores de cabeça, por exemplo. O tratamento exige disciplina. Esquecer a hora de tomá-los ou não tê-los na hora certa é perigoso. O sistema imunológico enfraquece e qualquer doença pode ser implacável. Uma gripe pode matar nos casos mais graves. Muito comuns são as mortes por tuberculose.
Os preconceitos foram diminuindo, mas a ignorância tem sido a principal causa de muitos novos casos. Tem gente que acredita que se for contaminada poderia viver com o tal "coquetel" de remédios. Pensam que são aspirinas, desconhecendo as dificuldades para sua obtenção e uso. Outras ainda apostam que a Aids é "doença de gay". A Aids tem sido cada vez mais uma doença associada à pobreza, justamente pela falta de acesso à informação. Existem pessoas que acreditam que o sexo sem camisinha com alguém de pele branca e de classe média não oferece riscos. Mais ou menos como os motoristas que dirigem embriagados. Sabem dirigir mas minimizam os riscos de bater no poste. São Paulo está cheia de postes quebrados por isso. E com muitos caos de Aids também.
No Brasil 0,7% da população tem Aids, segundo o IBGE. Aproximadamente 1.300.000 casos. Camisinhas são distribuídas gratuitamente. Muitas escolas tem a Aids no programa de ensino. Professores esclarecem. Nos meios de informação, às vezes, o assunto é abordado. Menos do que deveria, mas muito mais do que foi no passado. Muita coisa precisa ser feita ainda para se evitar novos caos.
Todas as pessoas com informação sobre Aids tem a obrigação de esclarecer aqueles que não a tem. E toda pessoa responsável tem o dever de aconselhar aqueles que mesmo com informação se arriscam. Um professor do palpiteiro na universidade disse que perdeu uma pessoa muito querida por causa da Aids. Disse que prometeu a si mesmo que sempre abordaria o asusnto quando pudesse. Assumiu esse compromisso pessoal. Era um cara muito arrogante, daqueles que dão asia em frasco de sal de frutas... Mas disse com lágrimas nos olhos. Todos na sala de aula se calaram. Desde então o palpiteiro aderiu ao compromisso do tal professor. O senso de humanidade nesse caso supera qualquer tipo de preconceito e arrogância. Viva o 01 de Dezembro.