Wednesday, February 20, 2008

Fidel Castro

Talvez tenha sido em 1989 ou 1988. Mas tenho certeza que o governador de São Paulo era Orestes Quércia. Estava no metrô Barra Funda e vi uma movimentação anormal no Memorial da América Latina. Não muitas pessoas. Além de palpiteiro, sou curioso. Fui conferir e vi: Quércia a Fidel Castro juntos. O governador é alto, mas Fidel parecia um gigante perto dele. Ainda usava o uniforme militar de comandante. A surpresa de ver Fidel a tão poucos metros foi grande. Passando o quase susto, apenas uma certeza, tinha visto um pedaço da história do século XX passar na minha frente.
Costumo dizer que é possivel escrever um livro dizendo apenas coisas boas de Cuba. E outro apenas com as coisas ruins. Geralmente as pessoas escolhem apenas um desses caminhos ao opinarem sobre Cuba, e isso não chega a ser ruim.
Aprendi que discutir Cuba revela muito mais sobre quem argumenta do que esclarece sobre a ilha. Quando preferimos falar bem ou mal de Cuba, não mudamos muita coisa do que acontece por lá. Apenas revelamos o que achamos ser o certo ou o errado num país ou numa sociedade.
Fidel Castro é um pedaço da história do século XX. Um pedaço da história em que escolhíamos entre duas possibilidades, capitalismo ou socialismo. Não havia terceira opção. Neste dilema, uma pergunta simplificadora: a economia deve servir à sociedade, ou a sociedade deve servir à economia?
Este dilema ainda está presente. Ainda não foi superado, pois não foi resolvido.
Estou aguardando o desenrolar dessa história cubana que começou na década de 1950 e que está muito longe de acabar. No mais, vou me divertindo com essa patética imprensa brasileira. é curioso ver aqueles que têm cautela e se referem a Fidel como "líder cubano". Outros são mais descarados e dizem: "ditador cubano". A Folha de São Paulo e a Band News FM adoram essa forma julgadora.
Fidel renunciou ontem e já não é mais o presidente de Cuba. O que irá acontecer ninguém sabe, nem ele.
Sabemos que há abutres rondando Cuba. Representantes de empresas francesas, espanholas, italianas, portuguesas, canadenses, mexicanas e brasileiras estão por lá. Há um país inteiro para se reconstruir. Pelo lado brasileiro dizem que Zé Dirceu tem feito ótimos contatos, favorecendo empresas brasileiras. Reparem que agora esqueceram do Zé. Já não é mais o homem do mensalão. Trata-se do agente político entre empresas e governo brasileiro e o governo cubano.
Mas então o que é Cuba? Prefiro reponder com uma repetitiva piada:
"Um provocador anti-comunista pergunta a Fidel: fui a seu país e vi que apesar das melhorias e avanços que você diz ter alcançado, engenheiras químicas se prostituíam por 30 dólares. Que país é esse, onde engenheiras têm que se prostituir?
Fidel então respondeu: é um país tão avançado que até as prostitutas têm nível superior..."
Adoro essa piada. Revela bem isso: de que lado você está quando pensa ou fala sobre Cuba?